Entrevistei o Maurício de Almeida, meu colega de curso na USP, com quem tive grandes conversas e convergência de ideias. Desde o início, me chamaram a atenção sua inteligência e assertividade, sem medo de mostrar suas opiniões. Ele é físico, e fez psicologia mais tarde na vida, como muitas outras pessoas. Hoje é também psicólogo clínico, seu contato está no fim da entrevista.
CientíficaMente - Maurício, por que
você decidiu cursar psicologia?
Fazer
psicologia já era um sonho a muitos anos. Depois de terminar o meu doutorado em engenharia da computação eu
mergulhei na profissão de professor por vários anos. Até o momento onde eu
senti falta de uma relação mais humana na minha vida profissional, não que a
profissão de professor não tenha um aspecto humano mas, principalmente nas
áreas de exatas a relação é mediada por um aspecto tremendamente impessoal que
é o próprio objeto estudado. Foi neste contexto que o sonho da psicologia se
reacendeu.
CientíficaMente - Como foi a sua formação?
Eu sou
bacharel em física formado pela USP em 1989, também sou mestre e doutor em
Engenharia de Computação e sou professor universitário na FATEC-SP desde 1990,
ministrando as disciplinas de Inteligência Artificial e Software Livre.
A decisão
de fazer psicologia veio em 2004 e eu entrei na Psico USP em 2007. Antes disso
eu cursei um ano de psicologia, em 2005, no Mackenzie quando era também
professor na área de TI naquela instituição.
Hoje
continuo atuando como professor em paralelo com a clínica.
CientíficaMente - Como
conciliou sua graduação com a outra carreira?
Quando eu
comecei a fazer o curso na USP, um amigo perguntou “Como você vai fazer um
curso integral e manter um emprego de 40 horas semanais?” e eu respondi “Um dia
de cada vez”.
E foi
assim mesmo. Houve um semestre onde eu tive de desistir de uma disciplina
obrigatória por que ela era ministrada em um horário onde eu estava dando aula.
Mais de
uma vez aconteceu de eu assistir uma aula na USP, correr para a FATEC dar uma
aula e voltar para a USP para assistir outra aula ou atender um paciente. Isso
custou muito, inclusive em multas de rodízio.
Muitas
vezes a impressão era de que não seria possível terminar, mas no fim foi e
valeu cada esforço e para a surpresa de muitos eu consegui concluir o curso no
prazo regulamentar de 5 anos.
CientíficaMente - Como foi
fazer um curso de graduação em outra etapa da vida, mais velho do que seus
colegas?
A
experiência de vida, e a experiência acadêmica ajudaram muito durante o curso e
tem ajudado agora no início da carreira clínica.
A
convivência com os colegas nem sempre foi a mais fácil, e muitas vezes a vida
fazia questão de me lembrar que eu não era um deles. Mas mais uma vez eu leio a
experiência como uma grande oportunidade de crescimento que eu espero ter
aproveitado da melhor forma.
Hoje eu clinico como psicólogo na abordagem Cognitiva de Beck, continuo como professor na FATEC e faço algumas consultorias na área de interface entre a psicologia social e a engenharia da computação.
Além disso, curso uma especialização em Psicologia Cognitiva no CTC Veda e busco aperfeiçoar a minha clínica.
Ainda sonho em poder viver somente da clínica mas isso ainda está distante. Mas
quem chegou até aqui... Por que duvidar que mudar de vida é realmente possível?
Maurício, obrigada pela entrevista! Desejo muito sucesso na sua nova profissão.
Para contatar o Maurício:
Site Maurício de Almeida
Telefone: (11) 99293-5555
Um comentário:
Muito interessante! Diversas vezes temos receio de mudar de área profissional. Parabéns
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