domingo, 10 de novembro de 2013

Entrevista - Psicologia como segunda profissão

Entrevistei o Maurício de Almeida, meu colega de curso na USP, com quem tive grandes conversas e convergência de ideias. Desde o início, me chamaram a atenção sua inteligência e assertividade, sem medo de mostrar suas opiniões. Ele é físico, e fez psicologia mais tarde na vida, como muitas outras pessoas.  Hoje é também psicólogo clínico, seu contato está no fim da entrevista.


CientíficaMente - Maurício, por que você decidiu cursar psicologia?

Fazer psicologia já era um sonho a muitos anos. Depois de terminar o meu doutorado em engenharia da computação eu mergulhei na profissão de professor por vários anos. Até o momento onde eu senti falta de uma relação mais humana na minha vida profissional, não que a profissão de professor não tenha um aspecto humano mas, principalmente nas áreas de exatas a relação é mediada por um aspecto tremendamente impessoal que é o próprio objeto estudado. Foi neste contexto que o sonho da psicologia se reacendeu. 

CientíficaMente - Como foi a sua formação?

Eu sou bacharel em física formado pela USP em 1989, também sou mestre e doutor em Engenharia de Computação e sou professor universitário na FATEC-SP desde 1990, ministrando as disciplinas de Inteligência Artificial e Software Livre.

A decisão de fazer psicologia veio em 2004 e eu entrei na Psico USP em 2007. Antes disso eu cursei um ano de psicologia, em 2005, no Mackenzie quando era também professor na área de TI naquela instituição.

Hoje continuo atuando como professor em paralelo com a clínica.

CientíficaMente - Como conciliou sua graduação com a outra carreira?

Quando eu comecei a fazer o curso na USP, um amigo perguntou “Como você vai fazer um curso integral e manter um emprego de 40 horas semanais?” e eu respondi “Um dia de cada vez”.

E foi assim mesmo. Houve um semestre onde eu tive de desistir de uma disciplina obrigatória por que ela era ministrada em um horário onde eu estava dando aula.

Mais de uma vez aconteceu de eu assistir uma aula na USP, correr para a FATEC dar uma aula e voltar para a USP para assistir outra aula ou atender um paciente. Isso custou muito, inclusive em multas de rodízio.

Muitas vezes a impressão era de que não seria possível terminar, mas no fim foi e valeu cada esforço e para a surpresa de muitos eu consegui concluir o curso no prazo regulamentar de 5 anos.

CientíficaMente - Como foi fazer um curso de graduação em outra etapa da vida, mais velho do que seus colegas?

A experiência de vida, e a experiência acadêmica ajudaram muito durante o curso e tem ajudado agora no início da carreira clínica.

A convivência com os colegas nem sempre foi a mais fácil, e muitas vezes a vida fazia questão de me lembrar que eu não era um deles. Mas mais uma vez eu leio a experiência como uma grande oportunidade de crescimento que eu espero ter aproveitado da melhor forma.

CientíficaMente - Hoje em dia, o que você faz? 

Hoje eu clinico como psicólogo na abordagem Cognitiva de Beck, continuo como professor na FATEC e faço algumas consultorias na área de interface entre a psicologia social e a engenharia da computação.


Além disso, curso uma especialização em Psicologia Cognitiva no CTC Veda e busco aperfeiçoar a minha clínica. Ainda sonho em poder viver somente da clínica mas isso ainda está distante. Mas quem chegou até aqui... Por que duvidar que mudar de vida é realmente possível?

Maurício, obrigada pela entrevista! Desejo muito sucesso na sua nova profissão. 

Para contatar o Maurício:


Telefone: (11) 99293-5555