
Esse
mito de que cada lado do cérebro funciona separadamente ou de acordo com uma
suposta personalidade, é bastante difundido. Com o conhecimento que temos atualmente, isso não passa de um equívoco.
Gostamos
de dualidades, afinal, elas nos ajudam a entender o mundo. Como posso entender
o que é frio sem ter o quente? O claro sem o escuro? O salgado sem o doce? O
bom e o mau? E assim por diante. Nosso pensamento funciona muitas vezes por
meio de dicotomias, o que é uma ironia. Afinal, o próprio cérebro é divido em
dois, o hemisfério esquerdo e o direito.
Nos primórdios dos estudos sobre
o cérebro, tentamos compreender o papel desses dois lados, praticamente apenas
com cérebros de mortos. Estudiosos indicavam a dualidade, que foi alimentada
pela publicação, na época, do livro O Médico e o Monstro (1866). Estudos
posteriores continuaram com essa oposição, e o hemisfério direito parecia ser
responsável pelas emoções e criatividade, e o esquerdo, pelas análises, pensamento
intelectual e lógica em cálculos.

Além disso, os dois hemisférios
não estão isolados, pelo contrário. O corpo caloso, uma estrutura neural situada
entre os dois, conecta-os e faz com que eles se comuniquem a todo o momento, gerando
assim um sistema altamente integrado. Não adianta você se esforçar para
utilizar mais um dos lados do cérebro – todo o processamento das informações é interconectado.
Bom, até aqui espero ter causado
uma reflexão sobre esse assunto, e que não aceitem sem crítica notícias e
conselhos como “use mais seu outro lado do cérebro”. Para quem quiser saber
mais, há uma bibliografia que indico abaixo. Aproveitando a ocasião, será que
existe mesmo uma dicotomia entre emoção e razão? Será que existem pessoas mais
emocionais e as mais racionais? O que isso realmente significa? Mas esse é
assunto para um outro post...
Para saber mais
Understanding the brain: the birth of a
learning science (p. 114) OECD, 2007.
O que faz cada lado do cérebro? Revista Superinteressante.