
Irei me basear no autor Jonathan Baron (2008), professor de psicologia na University of Pennsylvania. Usamos muito o conceito de racionalidade no nosso dia-a-dia, fulano é “racional”, siclano foi “irracional” etc. Nesses casos, racional parece significar decisão acertada, pensada friamente, sem a influência de emoções, com lógica.
Baron tem uma definição diferente para racionalidade, que é pensamento racional é aquele que melhor ajuda as pessoas a atingirem seus objetivos. Isso inclui a procura por evidências que ajudem a uma decisão mais acertada, e inferência. Assim, o pensamento racional pode ser definido relativamente a uma certa pessoa, em certo período, que tem certo conjunto de crenças e objetivos. A racionalidade concerne aos métodos de pensamento que usamos, e não às conclusões do pensar.
Uma pessoa não é “irracional” ou “racional”, porque a racionalidade não é uma questão de tudo ou nada, e sim de grau, um modo de pensar pode ser mais racional que outro.Racionalidade também não é uma questão de pensamento egoísta e frio. Objetivos morais, como respeitar os sentimentos dos outros, ajudar pessoas, são objetivos que a maioria de nós temos.
O pensamento não precisa não ter emoções para ser racional. As emoções são um tipo de evidência, que nos levam a decisão. Além disso, ter emoções prazeirosas normalmente já são os nossos objetivos, assim como evitar as não-prazeirosas.
Normalmente se usa “emoção” como um substituto para “irracional”. A relação entre pensamento racional e emoção é muito mais complexa do que um simples contraste entre eles. Separar razão e emoção é algo comum e equivocado, dificilmente essas duas dimensões são separadas, como tem defendido o neurocientista Antonio Damásio.
Pensar racionalmente também não é o mesmo que pensar muito, porque se refere mais ao método do que a quantidade. Pensar muito leva tempo e pode significar que não se está com um bom método. E cada situação requer um tanto de tempo a ser dispendido.
Outra ideia comum é a de que a pessoa que pensa racionalmente não pode ser uma pessoa feliz. Talvez isso tenha a ver com o fato de pensar que felicidade necessite um tanto de auto-engano. Por exemplo, “essa situação não é tão ruim assim, poderia ser pior”, “não estudei muito, mas deve ser o suficiente para ir bem no teste”. Em alguns casos, o auto-engano pode ser útil, por exemplo, quando se está numa situação que não pode ser mudada (uma doença incurável). Porém, em outros casos, o melhor para atingir seus objetivos é não se enganar. Se você quer tirar boas notas, não se engane achando que o pouco que estudou irá bastar, porque isso o afastará de atingir sua meta.
ReferênciaBaron, J. (2008) Thinking and deciding. Cambridge University Press.